Marrabenta
Este estilo de música/dança nasceu e desenvolveu-se em Lourenço Marques, actualmente Maputo, em meados dos anos 50.
Durante a época colonial, os grupos de musica e dança tradicionais só tinham oportunidade de demonstrar as suas danças, os seus instrumentos e as suas musicas e variantes das suas culturas em desfiles de Carnaval que aconteciam anualmente. Alguns músicos dos anos 50/60, relatam numa altura de um desfile Carnavalesco que passava por uma avenida junto ao Bairro da Mafalala, um determinado grupo folclórico vindo de Marracuene, apresentava um ritmo tradicional alegre, com uma melodia contagiante que acompanhava um determinado estilo de dança muito sensual o que fez com que o público aplaudisse de forma eufórica. Nessa altura já existia o grupo musical Djambo,que actuavam na Associação dos Negros localizado no Chamanculo. Alguns elementos desse grupo estavam inseridos no público que assistia ao desfile. Acharam interessante o ritmo que atraia o publico e a forma como as bailarinas dançam de forma entusiástica. A imagem do acontecimento e o ritmo ficou memorizado nas mentes desses músicos. Ao chegarem a sala de ensaio resolveram brincar com esse ritmo, acrescentando algumas notas musicais e criando uma melodia simpática. Dai surgiu a primeira Marrabenta intitulada Elisa Gomara Saia na qual foi apresentada na festa de “fim do ano” que foi realizada no salão da Associação dos Negros. Segundo conta alguns elementos do grupo musical DJAMBU e segundo as histórias contadas por algumas pessoas da época que estavam nesse baile, a musica foi tão bem aceite que um bailarino ao dançar este ritmo gritava “Arrebenta, Arrebenta” de forma a chamar toda a gente para a pista de dança. Daí surgido o nome ..... Arrebenta, Arrebenta … para “Marrabenta”.
Na primeira oportunidade que surgiu,com ajuda do José Craveirinha e de outros amigos influentes o grupo Djambo teve a possibilidade de poder ir tocar ao vivo a Marrabenta na emissora Radio Clube, actualmente Radio Moçambique, num programa que era dirigido aos negros de Moçambique. Segundo reza a história foi um sucesso absoluto por todo o país no qual houve a aderência de todos os ouvintes africanos e não só. Devido à PIDE, à grande descriminação e racismo que existia nessa época, a música Elisa Gomara Saia foi levada para Angola para ser apresentada no Festival da Canção em Portugal através do grupo angolano DUO OURO NEGRO.
Com o fenómeno deste ritmo a nível radiofónico por todos os distritos do sul de Moçambique, surgiram várias corrente, tais como um dos maiores compositores da Marrabenta, Djuma Mukatsica e Emidio Djma Mulinde, estilo Hunsse, que se dedicavam a compor músicas para casamentos e festas populares. Nessa época surgiu o grupo João Domingos com o Gonzana com sonoridades latinas, Fany Pfumo que veio das minas sul africanas trazendo sonoridades misturadas com a Madjuba, musico de marracuene Dilon Djin Dji e Manjacaziano apresentando sonoridades mais tradicionais, Xidiminguana com sonoridades em fusão com alguns ritmos sul africano e Gabriel Chiau com uma sonoridade mais urbana, além de muitos outro grupos e artistas a solo.
Mais tarde surgiram muitos nomes que revolucionaram a Marrabenta fundindo-a com influências que cada um possuía no seu intimo, tais como: Wazimbo, Abdul Razaque (silio Paulino) Kácimo, Davide, Coca cola, Abdala Mubaraca, Alexandre Langa, Alberto Mutcheca, Pedro Bem, Duo Sera, Hortencio Langa, Jose Mucavel, Jaimito, entre outros.
Após a Independência surgiu a grande Orquestra Marrabenta que reuniu os grandes músicos daquela geração que agarraram na Marrabenta e a fundiram com ritmos tradicionais.
Actualmente a nova geração vai recuperando os sucessos do passado , dando-lhes novas roupagens sonoras de forma que possa chegar a outras fronteiras, além de criar novas formas de Marrabenta em fusão com ritmos internacionais e Nacionais.
O que acham? Fico a espera de comentários.
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