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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Lobolo


Olá a todos.

Hoje vou falar de uma tradição que não conhecia mas pelas minhas pesquisas é muito usual, mesmo em grandes cidades de Moçambique como a própria capital, Maputo.

Pensei que já não se usasse tradições destas, não estou muito de acordo com esta tradição porq ue parece mesmo que estáo a comprar a noiva, mas são tradições apesar de não concordar com algumas tradições africanas, que também são praticadas por cá como a circuncisão das mulheres, mas isto é tema para outro post.

O Lobolo

Lobolo, in http://mozindico.blogspot.pt/2009/03/mocambique-representacao-artistica-do.html


Na véspera do casamento civil e religioso tem lugar o Lobolo, que consiste em representantes do noivo apresentarem à família da noiva um conjunto de oferendas que se destinam a compensar a sua saída daquela família e daquele lar.
O Lobolo é um contrato que responsabiliza a família da noiva para impedir que o casamento se dissolva por culpa dela pois neste caso, o dote terá que ser devolvido.

O dote exigido é negociado pelos mais experientes na família da noiva e do noivo.
O Lobolo ocorre em casa da noiva, com o mestre-de-cerimónias a fazer sentar os padrinhos em lugar de destaque e em "cadeiras especiais".
Da família, os homens, pai da noiva incluído, sentam-se em cadeiras e as mulheres sentam-se em esteiras, no chão.
Começa um interessante diálogo entre a família da noiva e os representantes do noivo, que tem de estar ausente, mas andar por ali perto.
No diálogo, a família pergunta o que homens estranhos vêm fazer aos quais resposta centra-se no pedido da mão da filha que mora naquele lar.

O pai manda chamar todas as filhas para que a eleita seja indicada, sendo-lhe perguntado se "conhece aqueles senhores". A resposta será "sim, conheço papá, são família do meu noivo".
As irmãs retiram-se e a noiva é convidada a ficar e sentar-se no chão, começando então a ser apresentado o dote à medida que as diferentes oferendas são solicitadas por membros da família.
Tudo é espalhado no chão, sendo o dinheiro depositado, nota a nota, numa capulana nova, aberta sobre uma esteira.
Começa então uma negociação, a presença de moedas no dote é condição necessária. A cada pedido, sempre discutido e regateado, cai mais uma nota, normalmente vinda dos padrinhos que vão prevenidos com notas de pequeno valor. Aceita-se, por fim, o dote e rompem cantares de satisfação por parte das mulheres presentes.
E chega o momento em que a filha, noiva embrulha o dinheiro na capulana e, de joelhos, entrega-o pai.
Entretanto o pai retira-se para vestir o fato novo, regressando, pouco depois batendo com a bengala, compassadamente, no chão.
O padrinho vai  buscar o noivo e entrega-o à noiva. A alegria é colectiva, com cantos e danças tradicionais, com risos por parte das mulheres que só param quando uma farta refeição começa a ser servida.

A minha mãe também não fazia ideia que existia esta tradição e como se processava, mas com alguma pesquisa encontrei este testemunho julgo corresponder a verdade, apesar de se ler muita coisa por este vasto mundo virtual.

Baseado em: http://africando-africando.blogspot.pt/2007/10/casamento-ii-llobolo.html, em 15-01-2013

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