Hoje vamos falar um pouco de arte e de um grande artista moçambicano, estou a falar claro de Malangatana.
Malangatana
Valente Ngwenya GOIH nasceu a 6 de Junho de 1936 em Matalana, distrito de
Marracuene, Moçambique e faleceu a 5 de Janeiro de 2011 em Matosinhos, Portugal
foi artista plástico e poeta moçambicano, conhecido internacionalmente pelo seu
primeiro nome "Malangatana", tendo produzido trabalhos em vários
suportes e meios, desde desenho, pintura, escultura, cerâmica, murais, poesia e
música .
Nasceu na
localidade moçambicana de Matalana. Passou a infância a ajudar a mãe na fazenda
enquanto frequentava a Escola da Missão Suíça protestante, onde aprendeu a ler
e a escrever e, após o seu encerramento, foi para a Escola da Missão Católica, concluindo
a terceira classe em 1948 . Aos 12 anos de idade, mudou-se para Lourenço
Marques, actual Maputo, à procura de trabalho, tendo praticado vários ofícios
humildes e acabando por em 1953 arranjar trabalho como apanhador de bolas num
clube de ténis, o que lhe permitiu retomar os estudos, frequentando aulas
nocturnas que lhe despertaram o interesse pelas artes, onde teve como mestre o
arquitecto Garizo do Carmo. Um dos membros do clube de ténis, Augusto Cabral,
ofereceu-lhe material de pintura e ajudou-o a vender os seus primeiros
trabalhos.
Em 1958,
ingressou no Núcleo de Arte, uma organização artística local, recebendo o apoio
do pintor Zé Júlio. No ano seguinte, expôs a sua arte publicamente, pela
primeira vez, numa exposição colectiva, passando a artista profissional graças
ao apoio oferecido pelo arquitecto português Pancho Guedes, através da cedência
de um espaço onde pôde criar o seu atelier, e da aquisição mensal de dois
quadros. Em 1961, aos 25 anos, fez a sua primeira exposição individual no Banco
Nacional Ultramarino . Em 1963, publicou alguns dos seus poemas no jornal
«Orfeu Negro» e foi incluído na «Antologia da Poesia Moderna Africana» .
Nessa
altura, é indiciado como membro da FRELIMO, ficando preso na cadeia da Machava
até ser absolvido a 23 de Março de 1966. A 4 de Janeiro de 1971, foi novamente
detido, a fim de esclarecer o simbolismo do quadro «25 de Setembro», exposto
recentemente no Núcleo de Arte, o que pôs em risco a sua partida para Portugal,
onde obtivera uma bolsa da Fundação Gulbenkian para estudar gravura e cerâmica.
Em
1976/1977, Malangatana esteve detido num centro de reeducação como castigo pelo
seu comportamento na época colonial. Na mesma altura, foi apresentada na Facim
(Feira de Maputo) e numa exposição de artes plásticas organizada pelo Centro
Organizativo dos Artistas Plásticos e Artesãos, com sede no antigo Núcleo de
Arte, uma obra dele que foi cedida por sua mulher.
Depois da
independência de Moçambique, foi eleito deputado em 1990, pela FRELIMO. Em
1998, foi eleito para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003.
Participou em acções de alfabetização e na organização das aldeias comunais na
Província de Nampula. Foi um dos fundadores do «Movimento Moçambicano para a
Paz» e fez parte dos «Artistas do Mundo contra o Apartheid» .
Faleceu a 5
de Janeiro de 2011 no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, Portugal .
Malangatana
foi galardoado com a medalha Nachingwea, pela sua contribuição para a cultura
moçambicana, e investido a 16 de Fevereiro de 1995 Grande-Oficial da Ordem do
Infante D. Henrique .
Em 1997, a
UNESCO nomeou-o «Artista pela Paz» e foi-lhe entregue o prémio Príncipe Claus.
Em 2010,
recebeu o título de «Doutor Honoris Causa» pela Universidade de Évora e a
condecoração, atribuída pelo governo francês, de «Comendador das Artes e
Letras».
Malangatana foi também um dos poucos estrangeiros
nomeados como membros honorários da Academia de Artes da RDA.
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